Novamente a Bahia se destaca de forma negativa no cenário nacional, quando se trata de educação pública. Desta vez o que nos assombra é a qualidade do ensino que é passado por professores das escolas da rede estadual e municipal de ensino. Segundo matéria de A TARDE, publicada hoje, 64% dos docentes baianos ainda não possuem formação superior, o que interfere diretamente na qualidade de ensino.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabeleceu, em 1996, que, em 10 anos, 100% dos professores tivessem formação plena, mas o que vemos atualmente no Estado, após 11 anos, é que a Lei não foi cumprida e está muito longe de ser alcançada.
Se continuamos no mesmo passo, diga-se de passagem “de forminga e sem vontade”, como na canção de Lulu Santos, a Bahia só terá os 80 mil docentes que lecionam sem possuir curso superior com formação universitária daqui há 22 anos.
Enquanto isso, quem perde com esta situação são os estudantes e a educação pública, que a cada dia fica mais sucateda. Isso já é visível a olho nu, e as estatísticas não deixam mentir. A Bahia é o estado brasileiro com o maior números de analfabetos do país. E o projeto do governo do Estado quer mudar esta realidade em 10 anos. Quase dois anos se passaram e resultados concretos ainda não foram alcançados.
Segundo o diretor do Instituto Anísio Teixeira (IAT), Penildon Silva, a meta do governo “é que até 2011 a rede estadual tenha todos os seus docentes graduados. Ainda estamos buscando parcerias com as prefeituras para ampliar a formação nas escolas municipais. O órgão, vinculado à Secretaria Estadual de Educação, é responsável pela capacitação de servidores estaduais.
A matéria de A TARDE afirma que “a formação dos professores é feita por meio de parcerias com as universidades estaduais, federais, além de algumas instituições privadas. Atualmente os cursos são presenciais, mas o IAT estuda o uso da educação à distância para a capacitação dos docentes, através do Programa Universidade Aberta, do governo federal”.
Dificuldade – A reportagem revela, ainda, que “uma das principais queixas dos professores em formação é a dificuldade de conciliar o curso universitário com a rotina desgastante da sala de aula. De acordo com Cecília Caramés, graduanda do curso de matemática da Universidade Federal da Bahia (Ufba) , “a nossa carga horária de trabalho é de 40 horas semanais, por isso sobra pouco tempo para se dedicar à faculdade. Temos que estudar nos sábados, domingos e madrugadas”.
Cecília leciona há 16 anos no Colégio Estadual Raphael Serravale e possui apenas a chamada licenciatura curta nas áreas de ciências e matemática. Criada em 1971, este tipo de graduação foi formulada para dar uma formação rápida e generalista aos professores. “A intenção era atender a crescente demanda por docentes nas escolas de ensino fundamental da rede pública. A licenciatura curta, contudo, foi extinta com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases”, revela a reportagem.
Apesar das adversidades, os docentes reconhecem a importância de uma formação universitária. Para o professor de educação física Álvaro Macedo, graduado há mais de 20 anos, uma permanente capacitação do docente deve ser também incentivada pelo governo para melhor a qualidade de educação pública. “O curso superior é só o primeiro passo”, opina.
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