sexta-feira, 28 de setembro de 2007

IBGE aponta ineficiência na educação da RMS

A defasagem escolar na RMS é maior nas últimas séries do ensino fundamental, aponta o IBGE.

A Região Metropolitana de Salvador (RMS) registra mais um dado estarrecedor quando se fala em qualidade da educação básica. Desta vez, a RMS ostenta o pior índice de defasagem escolar do Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento de indicadores sociais, feito pelo IBGE, em 2006, demonstra que 33,1% dos estudantes do ensino médio estão com descompasso entre idade e série escolar.

Os dados estatísticos do IBGE apontam também que a defasagem escolar é mais acentuada nas últimas séries do ensino fundamental. Segundo matéria de A TARDE, "em 2006, enquanto nas quatro primeiras séries a taxa de defasagem era de cerca de 20%; nas últimas quatro, alcançava 31,4%. O Nordeste apresentava as mais altas taxas para os dois segmentos: 31,2% para o primeiro e 46,0% para o segundo. O Sul tinha as menores taxas: 11,3% e 20,0%, respectivamente".

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Escola de circo realiza trabalho de alfabetização

"A Arte é um canal multireferenciado e fantástico de expressão e comunicação" , afirma Márcia Nunes, coordenadora pedagógica da Escola Picolino.

Aliar a linguagem circense ao processo de alfabetização como forma de atingir o pleno desenvolvimento de crianças de cinco a seis anos de idade. Esta é a visão metodologia adotada pelo projeto
"Alfabetizando e Muito Mais!", desenvolvido pela Escola Picolino, que há 22 anos vem atuando nas comunidades populares vizinhas ao circo, no bairro de Patamares. Em entrevista ao repórter Juracy dos Anjos, a coordenadora pedagógica da Picolino, Márcia Nunes, releva a importância do projeto para o desenvolvimento intelectual e social dos estudantes e de como a metodologia centrada na arte-educação pode ajudar no aprendizado das crianças, ligando a grade curricular tradicional às práticas lúdicas. A expectativa para o futuro, de acordo com a educadora, é ampliar o atendimento para todas as faixas-etárias. Confira a entrevista completa:

JURACY DOS ANJOS - Qual a importância social deste projeto?

MÁRCIA NUNES - O projeto "Alfabetizando e Muito Mais!" é uma das ações que íntegra o programa social, global, desenvolvido pela Escola Picolino: Arte, Circo e Educação, que contempla várias outras ações de atendimento sócio-educativo a centenas de crianças, adolescentes e jovens, na sua maioria, vindas de famílias de situação econômica de baixa renda. Com a missão de educar, a Picolino realiza um processo de educação continuada, que vai até à profissionalização dos seus, acompanhando-os na inserção do mercado de trabalho. De modo geral, o projeto abre possibilidades de auto-sustentação e melhoria da qualidade de vida dos alunos e suas famílias.

Como surgiu a idéia de criar este projeto?

O Alfabetizando surge com o propósito de oferecer o mais cedo possível o contato da criança e da sua família a processos educativos, inclusivos e de acesso aos bens culturais e sociais. Atendíamos, anteriormente, a grupos de criança a partir dos sete anos de idade. Mas fomos vendo, no decorrer dos nossos 22 anos de existência, e com o início da escolarização na rede pública também a partir desta idade, que ficava uma imensa lacuna com esta parte da primeira infância. Percebemos também com o apoio escolar que damos aos nossos alunos, uma realidade difícil: baixa escolarização e altos índices de repetência. Pretendemos, além de oferecer aulas de circo e atividades complementares (oficinas de jogos, leitura, escrita, iniciação musical, capoeira, dança, entre outras), que os alunos façam, duas ou três vezes por semana, durante um turno regulamentar, o processo escolar normal, a partir da alfabetização até a 4ª série do Ensino Fundamental.

De que forma a metodologia centrada na arte-educação pode auxiliar a alfabetização das crianças?

Embora a arte-educação, infelizmente na América Latina, tenha, de modo geral, se voltado como um instrumento de mudança para uma população pobre economicamente, ela é um bem para todos e que não fica "limitada" a um segmento social. Na verdade, sendo bem realizada já é bastante interessante e em muito tem atendido a alguns anseios de mudanças. A Arte é um canal multireferenciado e fantástico de expressão e comunicação. É gesto, imagem, movimento, cor, forma, cheiro, espiritualidade, conceitos... É ação. E isso pode aproximar as crianças para outros tantos símbolos, representações e linguagens. Incentivar a alfabetização e letramento pelas artes é atribuir significados diferenciados e caminhos múltiplos de aprendizagens para os alunos.

Como as crianças se relacionam com o circo?

Cada estudante faz um contato muito próprio, singular com o circo, de acordo com sua própria história de vida.

Porque trabalhar somente com crianças de 5 a 6 anos?

Em 2005, iniciamos com crianças de quatro anos e que este ano estarão na alfabetização. Este ano, a escolha tem relação com os desafios que serão lançados e que são mais pertinentes a esta faixa-etária de cinco a seis anos de idade. Quando tivermos uma estruturação física que comporte os menores de cinco, certamente o faremos, abrindo espaços para as crianças que se encontram na educação infantil. Vai ser maravilhoso! Porque diversas crianças já foram atendidas pelo projeto e queremos ampliar este número.

Qual a duração do curso e as disciplinas que são trabalhadas?


Ofereceremos aulas, das 8h às 13 horas, de leitura, escrita, jogos, matemática, estudos da natureza e da sociedade, práticas ambientais, de música, circo, dança e acompanhamento dentário. As crianças têm direito também a um café da manhã, lanche e almoço. A alfabetização é realizada durante um ano e depois seguiremos da 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental.

Quais os resultados obtidos desde o lançamento do projeto?

Crianças mais expressivas, que gostam de estudar e ir à escola. O desenvolvimento da socialização, da linguagem e do corpo. E aos poucos um trabalho de ordem familiar.

Existe alguma empresa que apoio a iniciativa?

Tivemos o apoio da Le Biscuit na doação de material escolar e da Brinquedos Rosita, que doou brinquedos no dia das crianças e no final do ano. Não temos ainda uma parceria permanente.

Quais são as expectativas para o futuro?

Melhorar a qualidade cada vez mais do atendimento; Regulamentar a escola e atendermos até a 4ª série do Ensino Fundamental, assim como as crianças menores de cinco anos. Ajudar as crianças a desenvolverem-se integralmente e que possa com esta base educativa continuar sua escolarização e ter maiores chances de viver com qualidade e de ter um bom trabalho.

Enade: 260 mil estudantes serão avaliados neste ano

Cerca de 260 mil estudantes universitários foram selecionados, neste ano, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), para fazer a prova do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). A avaliação, criada pelo Ministério da Educação (MEC) para avaliar a contribuição do curso na formação do dicente, será aplicada no dia 11 de novembro.

A lista com os candidatos selecionados para participar da prova está disponível somente para as instituições de ensino superior. A divulgação para o grande público só acontecerá no dia 5 de outubro.

Segundo o site do Inep, as instituições devem inscrever, até o dia 4 de outubro, os concluintes de curso superior selecionados para o Enade nos anos de 2005 e 2006 que não compareceram à prova. "Esses alunos poderão participar do Enade 2007, com vistas à emissão de documentação inerente à conclusão do curso de graduação", como informa o site do MEC.

Participarão do Enade 2007 os estudantes ingressantes e concluintes dos cursos de: Agronomia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social, Tecnologia em Radiologia, Tecnologia em Agroindústria, Terapia Ocupacional e Zootecnia.

Os selecionados para o Enade são obrigados fazer a prova, sob pena de perder o direito de receber o diploma de conclusão de curso.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Ensino médio vive uma "crise aguda"

Ministro da Educação admite que problemas com a qualidade do ensino médio brasileiro só poderão ser resolvidos em um prazo médio de 15 anos.

O ensino médio brasileiro vive uma “crise aguda” e necessita de políticas governamentais eficientes para aferir um melhor resultado nos próximos anos. Este foi o diagnóstico divulgado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, no último dia 17 de setembro, durante a abertura do seminário Educação no Século 21: Modelos de Sucesso, realizado na Câmara dos Deputados. "Talvez, das etapas da educação básica, seja a que inspira maiores cuidados, a julgar pelos dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, o Saeb", afirmou o ministro.

O Saeb é uma avaliação de português e matemática aplicada a cada dois anos, na rede educacional, em todo o país. A última prova, segundo a Agência O Globo, evidenciou que “os estudantes do terceiro ano do ensino médio estavam tão defasados que tinham nível de conhecimento compatível com o da 8ª série do ensino fundamental. O pior é que os resultados de 2005 foram os piores de todas as edições do exame, entre 1995 e 2005”.

Mas, para reverter a situação caótica, que há muito vem sendo denunciado por especialistas, o ministro defendeu maiores investimentos nas escolas técnicas federais. A idéia é que essas escolas funcionem “como atalho para uma revolução no ensino brasileiro”. Ele apontou ainda que uma melhora significativa da qualidade do ensino destinado aos jovens só acontecerá em um prazo de até 15 anos.

Haddad, durante o encontro, afirmou também que “o governo imaginava que a ampliação do acesso ao ensino superior fortaleceria o ensino médio, à medida que um número cada vez maior de estudantes visse na escola a porta para a faculdade”. Mas, o efeito ficou aquém do esperado, apesar das medidas criadas pelo governo federal, com o Programa Universidade para Todos: "Nós entendíamos que essas providências poderiam ajudar a robustecer o ensino médio, dar uma nova perspectiva para a juventude matriculada".

Apesar das iniciativas, o ensino médio custa a reagir. E se nada acontecer imediatamente, a situação que hoje é diagnosticada como “aguda”, poderá se tornar irreversível.



* Com informações da Agência O Globo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Democracia será o lema para a nova gestão da UNE

"Beber no passado de 70 anos e buscar construir uma UNE mais ousada". Está é uma das metas da nova diretora da instituição.
Quarta mulher a presidir a entidade estudantil mais importante do País, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a gaúcha Lúcia Stumpf, 25 anos, revelou, em uma entrevista ao jornal A Tarde, que a instituição precisar ampliar o diálogo com os estudantes. A idéia, segundo a dirigente, é recuperar a representatividade junto ao movimento estudantil e fortalecer a democracia. “Precisamos de pautas nas quais o estudante se sinta representado. A abertura de novos debates deve atrair mais estudantes para o diálogo”.

Mas essa será apenas um dos desafios que a estudante terá pela frente. No seu mandato, Lúcia (eleita com 72% dos votos validos do 50º Congresso) vai ter que superar, antes, o machismo. “A responsabilidade é muito grande, por conta do papel que a UNE teve ao longo da história e das pessoas que já passaram por aqui. Além do fato de ser jovem, minha responsabilidade aumenta pelo fato de eu ser mulher, pois o machismo ainda está arraigado dentro da universidade, e também no movimento estudantil”, denuncia.

Ela diz ainda que durante sua a gestão “vai beber no passado de 70 anos [da instituição] e buscar construir uma UNE mais ousada e que seja capaz de fazer uma universidade melhor e um Brasil menos desigual para nossa geração”.

O interesse pela política estudantil, segundo Lúcia, que é estudante de jornalismo da Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo, não começou agora. Desde os 16 anos a estudante milita pela causa e defende que uma participação mais ativa dos estudantes. Tanto que, antes de presidir a UNE, Lúcia participou da diretoria da entidade.

Mas quando questionada se daria continuidade a gestão anterior, presidida por Gustavo Petta, ela foi enfática, apesar de não falar na primeira pessoa: “Acho que estamos mais maduros para exercer o nosso papel e ter poder de mobilização. Estamos mais preparados, pois esse momento do país nos exige uma postura mais ousada e radical em relação ao conjunto de estudantes brasileiros, com mais lutas de rua”.

Quanto à proposta da UNE para os desafios presentes vivenciados pela classe estudantil, principalmente a do ensino superior, Lúcia diz que “hoje, o conjunto de estudantes reúne gente muito diferente: na universidade está o jovem de classe média, que não tem problema a não ser estar estudando; tem o filho do trabalhador, mais pobre, que luta para trabalhar e estudar. Pra tentar achar esse link pro diálogo, seremos uma gestão ainda mais diferenciada em suas pautas”.

Outras questões também estarão no bojo das discussões da entidade. “Vamos debater meio ambiente, racismo, homofobia, legalização do aborto, das drogas, construir mais Circuitos Universitários de Ciência, Cultura e Arte [Cuccas] para aproximar um número maior de gente e superar os desafios que se colocam para a nossa geração”, ressalta, dizendo para os dirigentes que acreditam que a UNE é uma
escada para o poder que a preocupação da UNE é com os estudantes.

Lúcia, assim como os demais diretores da nova gestão, são filiados a partidos políticos. “Aqui há diretores ligados aos Democratas, PSDB, mas também à esquerda: PT, PC do B [ao qual Lúcia é filiada] e PSol”.