quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Escola de circo realiza trabalho de alfabetização

"A Arte é um canal multireferenciado e fantástico de expressão e comunicação" , afirma Márcia Nunes, coordenadora pedagógica da Escola Picolino.

Aliar a linguagem circense ao processo de alfabetização como forma de atingir o pleno desenvolvimento de crianças de cinco a seis anos de idade. Esta é a visão metodologia adotada pelo projeto
"Alfabetizando e Muito Mais!", desenvolvido pela Escola Picolino, que há 22 anos vem atuando nas comunidades populares vizinhas ao circo, no bairro de Patamares. Em entrevista ao repórter Juracy dos Anjos, a coordenadora pedagógica da Picolino, Márcia Nunes, releva a importância do projeto para o desenvolvimento intelectual e social dos estudantes e de como a metodologia centrada na arte-educação pode ajudar no aprendizado das crianças, ligando a grade curricular tradicional às práticas lúdicas. A expectativa para o futuro, de acordo com a educadora, é ampliar o atendimento para todas as faixas-etárias. Confira a entrevista completa:

JURACY DOS ANJOS - Qual a importância social deste projeto?

MÁRCIA NUNES - O projeto "Alfabetizando e Muito Mais!" é uma das ações que íntegra o programa social, global, desenvolvido pela Escola Picolino: Arte, Circo e Educação, que contempla várias outras ações de atendimento sócio-educativo a centenas de crianças, adolescentes e jovens, na sua maioria, vindas de famílias de situação econômica de baixa renda. Com a missão de educar, a Picolino realiza um processo de educação continuada, que vai até à profissionalização dos seus, acompanhando-os na inserção do mercado de trabalho. De modo geral, o projeto abre possibilidades de auto-sustentação e melhoria da qualidade de vida dos alunos e suas famílias.

Como surgiu a idéia de criar este projeto?

O Alfabetizando surge com o propósito de oferecer o mais cedo possível o contato da criança e da sua família a processos educativos, inclusivos e de acesso aos bens culturais e sociais. Atendíamos, anteriormente, a grupos de criança a partir dos sete anos de idade. Mas fomos vendo, no decorrer dos nossos 22 anos de existência, e com o início da escolarização na rede pública também a partir desta idade, que ficava uma imensa lacuna com esta parte da primeira infância. Percebemos também com o apoio escolar que damos aos nossos alunos, uma realidade difícil: baixa escolarização e altos índices de repetência. Pretendemos, além de oferecer aulas de circo e atividades complementares (oficinas de jogos, leitura, escrita, iniciação musical, capoeira, dança, entre outras), que os alunos façam, duas ou três vezes por semana, durante um turno regulamentar, o processo escolar normal, a partir da alfabetização até a 4ª série do Ensino Fundamental.

De que forma a metodologia centrada na arte-educação pode auxiliar a alfabetização das crianças?

Embora a arte-educação, infelizmente na América Latina, tenha, de modo geral, se voltado como um instrumento de mudança para uma população pobre economicamente, ela é um bem para todos e que não fica "limitada" a um segmento social. Na verdade, sendo bem realizada já é bastante interessante e em muito tem atendido a alguns anseios de mudanças. A Arte é um canal multireferenciado e fantástico de expressão e comunicação. É gesto, imagem, movimento, cor, forma, cheiro, espiritualidade, conceitos... É ação. E isso pode aproximar as crianças para outros tantos símbolos, representações e linguagens. Incentivar a alfabetização e letramento pelas artes é atribuir significados diferenciados e caminhos múltiplos de aprendizagens para os alunos.

Como as crianças se relacionam com o circo?

Cada estudante faz um contato muito próprio, singular com o circo, de acordo com sua própria história de vida.

Porque trabalhar somente com crianças de 5 a 6 anos?

Em 2005, iniciamos com crianças de quatro anos e que este ano estarão na alfabetização. Este ano, a escolha tem relação com os desafios que serão lançados e que são mais pertinentes a esta faixa-etária de cinco a seis anos de idade. Quando tivermos uma estruturação física que comporte os menores de cinco, certamente o faremos, abrindo espaços para as crianças que se encontram na educação infantil. Vai ser maravilhoso! Porque diversas crianças já foram atendidas pelo projeto e queremos ampliar este número.

Qual a duração do curso e as disciplinas que são trabalhadas?


Ofereceremos aulas, das 8h às 13 horas, de leitura, escrita, jogos, matemática, estudos da natureza e da sociedade, práticas ambientais, de música, circo, dança e acompanhamento dentário. As crianças têm direito também a um café da manhã, lanche e almoço. A alfabetização é realizada durante um ano e depois seguiremos da 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental.

Quais os resultados obtidos desde o lançamento do projeto?

Crianças mais expressivas, que gostam de estudar e ir à escola. O desenvolvimento da socialização, da linguagem e do corpo. E aos poucos um trabalho de ordem familiar.

Existe alguma empresa que apoio a iniciativa?

Tivemos o apoio da Le Biscuit na doação de material escolar e da Brinquedos Rosita, que doou brinquedos no dia das crianças e no final do ano. Não temos ainda uma parceria permanente.

Quais são as expectativas para o futuro?

Melhorar a qualidade cada vez mais do atendimento; Regulamentar a escola e atendermos até a 4ª série do Ensino Fundamental, assim como as crianças menores de cinco anos. Ajudar as crianças a desenvolverem-se integralmente e que possa com esta base educativa continuar sua escolarização e ter maiores chances de viver com qualidade e de ter um bom trabalho.

Enade: 260 mil estudantes serão avaliados neste ano

Cerca de 260 mil estudantes universitários foram selecionados, neste ano, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), para fazer a prova do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). A avaliação, criada pelo Ministério da Educação (MEC) para avaliar a contribuição do curso na formação do dicente, será aplicada no dia 11 de novembro.

A lista com os candidatos selecionados para participar da prova está disponível somente para as instituições de ensino superior. A divulgação para o grande público só acontecerá no dia 5 de outubro.

Segundo o site do Inep, as instituições devem inscrever, até o dia 4 de outubro, os concluintes de curso superior selecionados para o Enade nos anos de 2005 e 2006 que não compareceram à prova. "Esses alunos poderão participar do Enade 2007, com vistas à emissão de documentação inerente à conclusão do curso de graduação", como informa o site do MEC.

Participarão do Enade 2007 os estudantes ingressantes e concluintes dos cursos de: Agronomia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social, Tecnologia em Radiologia, Tecnologia em Agroindústria, Terapia Ocupacional e Zootecnia.

Os selecionados para o Enade são obrigados fazer a prova, sob pena de perder o direito de receber o diploma de conclusão de curso.